Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Eugénio de Andrade
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2 comentários:
O silêncio à volta dos teus passos é o grito mais alto que podes dar. A imagem que escolhes é prova de que o silêncio é uma forma de dizer muito. É como todas as portas: fecha e abre. Depende de quem está lá dentro, depende de quem está lá fora.
Depende de quem entra
Depende de quem deixamos entrar
Depende de quem bate....
depende de quem chama...
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