Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Apache disse...

"Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã."
É isso aí!

;)

Nemo de Portugal disse...

...

Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:

vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.

in: O Amor Bate na Porta

de Carlos Drummond de Andrade

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