Apetecia-me ser leve.
Ou melhor gostava de ser capaz de ser leve e rodar contigo ao longo da sala.
Alheios.
Alheios estamos nestes movimentos sensuais.
Outros olhos nos vêm.
Mas eles estão lá?
Dali vogamos já para outros espaços.
Outros espaços onde podemos - sós - ser nós.
E somos.
Tocamo-nos.
Trocamo-nos.
Sorvemo-nos.
E sentimos.
E em crescendo vamos vogado em nós.
Só em nós e nestes corpos que nos acompanham a alma.
Subimos.
E subimos em crescendos.
Mas queremos mais.
E paramos.
E recomeçamos e novamente somos livres e somos - só - cada um.
Cada um, ali, numa sintonia de que não se conhecem os contornos.
Mas só cada um, ali, a dar e a receber.
E como se recebe e dá muito.
E muito mais há para dar, tal como outro tanto há para receber.
Diz o tango: "en el mundo habrá un lugar para cada despertar un jardín de pan y de poesía".
E nesse jardim é fácil "imaginar esta humanidad en harmonía".
E é em harmonia - sem se saber se é total - que se termina esta dança que começou ali na sala onde tu, que agora lês, olhavas dois corpos que por ali rodopiaram.
No "Correio de Lagos" de Março de 2024
Há 4 horas
6 comentários:
Para juntar aos Gotan Project: Narcotango, Tanghetto ou os fabulosos Bajofondo Tango Club (que vão passar neste Verão por Portugal) de Gustavo Santaolalla - o mesmo das bandas-sonoras de «Brokeback Mountain» e «Babel». E num registo mais próximo do tango clássico mas da nova geração e... excelentes: Cristóbal Repetto, Adriana Varela, 34 Puñaladas e La Chicana.
No meu blog
http://zezinhomota.blogspot.com
terá noticias de um anjo Celestial
que olhará por nós.
ZezinhoMota
Bonita dança...
O que eu gosto deles... E dos Narcotango também, foi bem lembrado ali em cima pelo António!
Sente-te...
gostei!
Gostei muito.
Bom fim de semana.
BJT
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