Uma música companheira de muitas viagens, momentos, medos e angústias.
Só o poema, por si, é um hino. Aos sentidos e aos sentires.
Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".
E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Pedro Abrunhosa
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2 comentários:
Esta Mulher tem gosto para a fotografia...
o importante não é saber quem a perdeu.
O importante é que não sejamos nós os próximos a perdê-la.
Se ela tem a faculdade de fazer nascer um sentimento tão belo, aprendei a retê-la para que todas as noites sejamos donos do céu.
De mão estendida, bem aberta e com inocência dizei-lhe o quão importante ela é...se ela ficar, então, seremos mesmos donos do céu...se ela se perder, de novo, então, foi tudo ilusão porque nunca chegamos a ser donos do céu
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