Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num intimo pudor,
- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.

Miguel Torga, in "Antologia Poética"

2 comentários:

Anónimo disse...

"E ninguém me deseje apaixonado"
Como?

Luis Eme disse...

a fotografia "casa" tão bem com este poema...

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