De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes

3 comentários:

inominável disse...

sinto-me dentro desse cartao! tb despido! tb despedida! no final da despedida...

Apache disse...

Às vezes vive-se de repente... tão de repente que se está apenas contente!
A felicidade parece demorar mais tempo. Será?

Ida disse...

A Cristina Branco canta uma versão musicada desse poema que é linda, linda. E quem já não viveu exatamente esse momento, em que de repente "do riso fez-se o pranto..." Muito boa escolha.

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