Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha,
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do próprio coração.
Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
a brancura das palavras madura
sou o medo de perder quem me perdia.
Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até sentir
o meu sangue jorrar nas próprias fontes.
Eugénio de Andrade
4 comentários:
grande poeta Eugénio de Andrade. gosto muito da sua poesia...é calma...
bjinho**********************
Líndissimo este...
Elejo o « Adeus » do Eugénio como um dos melhores poemas de amor jamais escritos... e sentidos.
Este não atingindo ( minha opinião, claro ) esse patamar... é de uma beleza enternecedora.
Há dias assim...
bela escolha
jocas maradas
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