Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
E tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora, Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.


Álvaro de Campos

1 comentários:

Janelas da Alma disse...

Olá Eva,

Primeiro, quero agradecer-te a visita às minhas Janelas. Depois quero-te dizer que ao vir até aqui e descobrir Álvaro de Campos foi uma surpresa agradável!...
"Todo o vapor ao longe é um barco de vela preto.
Todo o navio distante visto agora é um navio no passado visto próximo."
in Ode Marítima, Álvaro de Campos
Um beijo,

Nuno Osvaldo

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