29.9.07

Plano

 


Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago.
No fundo, como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na boca.
Pergunto onde está a transparência do vidro,
a pureza do líquido inicial,
a energia de quem procura esvaziar a garrafa;
e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos,
a mesa da alma suja de restos,
palavras espalhadas num cansaço de sentidos.
Volto, então, à primeira hipótese.
O amor.
Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

Nuno Júdice

1 comentários:

Anónimo disse...

aqui sim, já é aquela verve entusiasmada. e dos teus dedos quando brotas algo?

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