"Às vezes gostava de despir este corpo.
Despia-o e pendurava-o num cabide, no armário, ao lado dos vestidos que nunca mais voltarei a usar. Cuidaria dele nos domingos de chuva, de manhã, quando me afligissem as saudades destes dias. Ou talvez, simplesmente, o esquecesse.
Farias amor com a minha alma nua?"
José Eduardo Agualusa, in Catálogos de Sombras
5 comentários:
Despir o corpo. E perceber, no jogo de sombras dos corpos descuidadamente abandonados pelo chão, os restos longínquos dos perfumes que ficaram agarrados aos contornos ténues da tua alma nua.
Uma foto absolutamente fantástica. Perfeita conceptualmente e tecnicamente. Como o é o texto. Nem o ouso tentar re-escrever melhor, tal é intensidade da mensagem que traduz.
Talvez fosse bom despir o corpo...Quem não gostaria de o despir! A ele e a tudo que com ele se relaciona. O mundo fisico, os problemas, a intriga... Era bom sim!
Mas não faria amor com a tua alma. Que raio de amor seria esse sem cheiro, sem toque, sem sabor.
Para amor desse existe a Net...
JCA
e que tal despir-mos de qualidades, e virtudes, consciencias e atitudes, rejeitar sentimentos e sentidos e aprender a olhar para os cerebros feridos...?
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